31.3.12

ESSA É QUE É ESSA

Na origem desta expressão estará um diálogo ocorrido em meados do séc. XIX quando, num velho sótão de uma casa na Ribeira do Porto, foi encontrada uma arca com antigas redacções de escola de grandes figuras das letras portuguesas, entre as quais Eça de Queirós, Júlio Dinis e Camilo Castelo Branco, embora não devidamente identificadas.

Da discussão sobre a qualidade literária das mesmas, passou-se ao bate-boca violento sobre a autoria de cada uma das redacções:

- ...estas aqui são do Camilo, mas esta é nitidamente do Eça.
- Desculpe, mas essa é que é do Eça, percebe-se perfeitamente!
- Homessa! Estou a dizer-lhe que essa é do Camilo, homem, não me contradiga!
- Já lhe disse que essa é do Eça, só não vê quem não quer...
- Bom, para o caso também não importa, Camilo ou Eça...
- Ora essa?! Eça é que é Eça, Eça não pode ser Camilo!...

Por testemunho da mulher a dias que passava no local, esta conversa chegou até aos nossos dias, contudo, dado a pobre senhora ser analfabeta como era usual naquela época, adulterou-se (a expressão, não a senhora) e o cê cedilhado deu lugar aos dois esses, pelo que, fora do contexto e com grafia incorrecta, não tem hoje qualquer merecimento de existência.

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