É uma intenção parva a de nos quererem convencer que uma coisa boa está detrás da orelha. Desde logo porque, excluindo qualquer mutação genética, o sentido do paladar não está nas orelhas. E insistir no contrário apenas traz mais ignorância às cabeças confusas das nossas crianças ou dos concorrentes da Casa dos Segredos.
Seguidamente, ter seja o que for atrás da orelha revela muito pouca higiene, quer para a coisa em si, que pode apanhar alguma cera, quer para o ouvido que pode entupir. Já para não falar que, estando atrás da orelha, logo fora do campo de visão, é um exercício de adivinhação saber se a coisa lá está de facto ou não.
O rigor contextual também não é o melhor. Estando dois tipos a petiscar, diz um para o outro “epah, estes tremoços estão mesmo bons, não estão?”, ao que o outro responde, “Estão detrás da orelha”. Mas que parvoíce é esta, em que um tipo fala em tremoços e o outro responde em orelhas? Faça-se o simples teste do contraditório para verificar que esta expressão não é bi-unívoca, e portanto, não merecer credibilidade : “epah, estas orelhas de coentrada estão mesmo boas, não estão?”, ao que o outro responde, “Estão detrás dos tremoços”. Simplesmente patético.
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