Podendo reconhecer-lhe alguma utilidade como ajuda para pôr fim a conversas chatas, sou obrigado a apontar-lhe o defeito mais comum das expressões idiomáticas – a falta de substância. Ora se o tempo voa, será condição sine-qua-non que tenha asas. Mas quem é que pode dizer que viu o tempo a voar? Por acaso já alguém viu alguém a apontar o céu, dizendo “Será um pássaro? Será um avião? Será o Super-Homem? Não, é o tempo a voar!”. Simplesmente ridículo.
A ser verdade, não quero sequer pensar nas consequências espaço-temporais que seriam aquelas épocas em que o espaço aéreo fica encerrado por causa das cinzas vulcânicas da Islândia, o que obrigaria o tempo a parar. Descontando a potencial vantagem para o Manoel de Oliveira, ao não envelhecer mais um pouco, não vejo outro benefício em parar o tempo.
Para evitar estes mal entendidos, há também quem diga que o tempo corre. Discordo novamente. O tempo não é um animal, logo não tem pernas. Se fosse, decerto existiria algo como “a caça ao tempo”, em espaços de caça associativa, onde se paga bem para entrar. Como não é, fiquemo-nos pela caça à lebre, essa sim, com pernas para correr, o que ainda assim não a impede de ir parar ao tacho, confeccionada à caçador.
Dito isto, que fique assente de uma vez por todas: o tempo não voa, não corre, não nada! Vamos ser exactos naquilo que dizemos às crianças, por favor.
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