29.4.12
ESTA VIDA SÃO DOIS DIAS
Eis um paradoxo matemático-religioso que levanta mais questões do que fornece respostas. Pois não foi Deus (favor, não ler com sotaque brasileiro) que durante seis dias construiu o universo, descansando ao sétimo? Se esta vida são dois dias, o que se passou nos outros cinco? Deus fez horas extraordinárias devidamente remuneradas ou trabalhou ilegalmente? Sendo a vida dois dias, em que dia calha a folga? Coincide com o fim de semana? E quando se faz uma ponte, para que servem três dias ou mais de descanso, se a vida são apenas dois?
Dever-se-á também atender que os dois dias que compõem esta vida (segundo esta destrambelhada expressão) constituem indirectamente uma negação dos ideais presentes no Manifesto do Partido Comunista redigido por Karl Marx e Friedrich Engels em 1848 e, portanto, esta expressão poderá ser considerada reaccionária. Porquê? Porque é do domínio público que a maior organização política e cultural do nosso país realiza-se na Quinta da Atalaia, Seixal e tem a duração de três dias – a Festa do Avante!
Ora, se esta vida fossem apenas dois dias, das duas uma: ou o PC andava a desperdiçar recursos numa festa de três dias em que no terceiro já não havia audiência para pagar bilhete ou, se é apenas ESTA vida que são dois dias, então ao terceiro da Festa do Avante, o público já estaria NOUTRA vida, o que por si, remete para questões de crenças religiosas em teorias de reencarnação, o que, dado estarmos a falar de comunistas, é impossível, pois a religião é o ópio do povo (já o dizia Karl Marx) e isso indicaria que todos os comunistas andariam drogados.
Conclusão, como abundantemente temos demonstrado ao longo desta obra, também esta expressão deveria ser banida do léxico nacional, a bem da nossa sanidade mental. E se o dano não é maior, demos graças a alguma entidade suprema por nos ter feito tão saudavelmente amorfos que poucos utilizam o seu intelecto para pensar nestas prementes questões, categoria em que o escriba, desgraçadamente, se inclui.
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