Eis uma expressão estúpida que tem como sinónimo outra expressão estúpida, ou seja, coisas mais velhas do que a minha avó. Posta de parte a hipótese de, tecnicamente, se poder ser avó aos 24 anos não sendo, portanto, muito velha, procuremos saber o que são coisas do arco da velha.
Primeiro, temos o arco. Não sendo o da rua Augusta ou o de Trajano, em Roma, ambos bastante velhos, nem o arco-íris, que julgo não ter dono, novo ou velho, apenas me ocorre que o arco da velha possa ser a sua coluna vertebral, pois geralmente as velhinhas quase tocam com o nariz no chão, fazendo as suas costas um arco, vulgo, marreca. Assim sendo, que coisas podem ser essas, as do arco da velha, senão os bicos de papagaio?
Outras questões há para esclarecer: trata-se de um arco aberto ou fechado? Porque se for um arco fechado, então trata-se de um círculo. E porque é que o arco tem coisas? Não existem arcos vazios? Será que os estúpidos criadores desta expressão não se estariam a referir a arcas, essas sim, que guardam coisas tipo gelados da Olá e assim?
Parece-me no entanto óbvio, que, querendo a velha guardar coisas de valor, nunca as esconderia num arco. Ou bem que o faria num bolso das imensas saias, saiotes, combinações e cullotes que geralmente envergam, ou, quem sabe em casos mais marotos, naqueles sítios onde ninguém de mente sadia teria coragem para procurar. Donde posso concluir, que as coisas do arco da velha, a existirem, não deverão ser de valor, pois tudo o que as velhas têm de valor está geralmente debaixo dos colchões sendo apenas entregue aos senhores bem vestidos que lá vão a casa avisar que a segurança social precisa de trocar todas as notas de euros por outro modelo.
E, como nota de rodapé e vago pretensiosismo cultural, se, como diz Cormac McCarthy, este país não é para velhos, então claramente também não é para as suas coisas, do arco ou de outro qualquer sítio, que ainda por cima devem cheirar a bafio.
1 comentário:
Boas! Eu por acaso já tinha pensado nesta questão há uns bons aninhos.
Aqui fica a minha teoria: talvez em tempos idos houvesse em Lisboa ou noutra grande cidade Portuguesa um local de comércio, onde existia um arco. Pois debaixo desse mesmo arco tinha por hábito estar uma velhinha que de vez em quando vendia coisas muito invulgares e antigas, masque ninguéM sabia como é que ela dava com elas. Assim esta noção de que a velha que estava debaixo do arco possuia coisas invulgares cresceu no subconsciente das pessoas, e então quando Alguém achava que uma coisa era estranha
Ou invulgar dizia: xii! Isso são coisas do arco da velha!! E toda a gente ficava logo com a ideia!
Aproveito para lançar uma questão para a qual ainda não achei solução. Dizer que uma coisa é chapa 3. A minha teoria é que quando alguém ia ao hospital fazer exames tinha de fazer sempre um raio-x ao tórax, que por sinal era a número 3 na lista de raios-x ou assim e então passou-se a dizer: tira ai uma chapa 3 para este doente. Ou seja era taxativo e indiscriminatorio. Ao longo do tempo passamos a dizer que euma coisa é chapa 3 se se aplica sempre em todas as situações. Alguém consegue uma explicação melhor? E outra. Atirar postas de pescada para o ar. Esta é dificil.
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