Começaram por ser “lojas dos trezentos”, onde qualquer bugiganga, do pacote de palitos ao serviço de porcelana made in China custava trezentos paus. Depois, por via da conversão monetária, passaram a “lojas de euro e meio” ou, mais libertinamente, “lojas de preço certo”. Hoje, face à desregrada concorrência já são “lojas de euro e meio e outros preços” que, ao fim e ao cabo, pode ser qualquer coisa.
Esta conversa despropositada tem, contudo, o propósito de colocar as coisas em perspectiva – ou seja, tudo é relativo. Porque é que chegar para lá das quinhentas significa chegar tarde? Se compararmos com chegar às mil, não estaremos a chegar cedo?
E já agora: chegar lá prás quinhentas quê? Horas? Nesse caso chegaria às oito da noite do vigésimo primeiro dia após a expressão ser dita, o que também não é assim tão tarde. Faz sentido? Não. E é apenas mais uma prova em como, basta raciocinar com um pouquinho de inteligência para se perceber a completa disfuncionalidade de todas as bacoradas que por aí circulam. Certamente, bem mais de quinhentas.
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