Por imperdoável falha na concepção do último Censos, foi desperdiçada uma oportunidade única para desmascarar esta mentira mil vezes repetida, como sinal de que tudo é comandado pelo destino. Esse inquérito deveria ter considerado a pergunta “Você tem o que merece? Sim / Não” e facilmente se veria que 99% da população (e o José Mourinho, se cá morasse) responderia que não.
Desde logo por inadmissível exclusão sexista, se apenas cada UM tem o que merece, então cada UMA seria sistematicamente discriminada. Mas cada um, quem? Cada um de nós? Mas nós, quem? Nós, tipo concretamente a gente, ou nós, a nível geral a humanidade? Se é a humanidade, e se ela tem o que merece, então quem fica com aquilo que não merece? Os extraterrestres? E não terão eles depois motivos fundados para reclamar, fruto de ficarem sempre com aquilo que não merecem? E não merecem porque não se empenharam o suficiente ou não merecem porque são gajos verdes com antenas e um olho na testa e, portanto, seria um desperdício?
Definitivamente, é preciso que estas coisas sejam debatidas, pensadas e meditadas antes de sair para o público, porque não se percebe como é que alguém coloca afirmações destas a circular como sendo verdades absolutas, sem por um momento pensar sobre as implicações teológicas, filosóficas e de espaço-contínuum que elas possam provocar. E isso, lá está, é algo que ninguém merece.
1 comentário:
Simplesmente fantástico...
Sempre usei e abusei desta expressão sem nunca ter feito a devida reflexão!
Enviar um comentário