Surgida por invenção do sr Voltaire, esta expressão está totalmente desajustada no tempo. Na sua forma original, a pilha era algo de semelhante ao que hoje identificamos como uma bateria de automóvel, pelo que, ter pilhas de graça era sinónimo de ter grandes quantidades de piada concentradas num volume tipo tijolo.
Ora, devido à evolução dos processos de fabrico (para a Teoria da Produção, ver Adam Smith, que eu agora não tenho tempo) e dos coelhos da Duracell, as pilhas foram diminuindo de tamanho, tornando-se portáteis, alcalinas, etc, e hoje a pilha pode ser algo de tão pequeno como uma daquelas teclas de telemóvel onde apenas se consegue acertar com a unhaca do dedo mindinho. Conclusão, dizer que algo tem pilhas de graça pode, racionalmente, não ser nenhum elogio e significar que não se tem piada nenhuma.
Hoje, à expressão “pilhas de graça” não se reserva mais do que o triste papel de slogan publicitário para campanhas publicitárias de marcas de pilhas, o que é um destino inglório para qualquer expressão. Já para não falar que, mesmo em promoção, elas nunca são de graça.
Costuma dizer o povo "A graça da mulher pode mais que a força do homem". Mas o que sabe o geralmente macambúzio povo sobre graça, se o seu nível geral não vai além do Badaró ou dos Malucos do Riso?.
Porque defendemos dignidade na morte para evitar o sofrimento, aqui se subscreve a favor da abolição pura e simples desta triste expressão.
9.10.11
COISAS DO ARCO DA VELHA
Eis uma expressão estúpida que tem como sinónimo outra expressão estúpida, ou seja, coisas mais velhas do que a minha avó. Posta de parte a hipótese de, tecnicamente, se poder ser avó aos 24 anos não sendo, portanto, muito velha, procuremos saber o que são coisas do arco da velha.
Primeiro, temos o arco. Não sendo o da rua Augusta ou o de Trajano, em Roma, ambos bastante velhos, nem o arco-íris, que julgo não ter dono, novo ou velho, apenas me ocorre que o arco da velha possa ser a sua coluna vertebral, pois geralmente as velhinhas quase tocam com o nariz no chão, fazendo as suas costas um arco, vulgo, marreca. Assim sendo, que coisas podem ser essas, as do arco da velha, senão os bicos de papagaio?
Outras questões há para esclarecer: trata-se de um arco aberto ou fechado? Porque se for um arco fechado, então trata-se de um círculo. E porque é que o arco tem coisas? Não existem arcos vazios? Será que os estúpidos criadores desta expressão não se estariam a referir a arcas, essas sim, que guardam coisas tipo gelados da Olá e assim?
Parece-me no entanto óbvio, que, querendo a velha guardar coisas de valor, nunca as esconderia num arco. Ou bem que o faria num bolso das imensas saias, saiotes, combinações e cullotes que geralmente envergam, ou, quem sabe em casos mais marotos, naqueles sítios onde ninguém de mente sadia teria coragem para procurar. Donde posso concluir, que as coisas do arco da velha, a existirem, não deverão ser de valor, pois tudo o que as velhas têm de valor está geralmente debaixo dos colchões sendo apenas entregue aos senhores bem vestidos que lá vão a casa avisar que a segurança social precisa de trocar todas as notas de euros por outro modelo.
E, como nota de rodapé e vago pretensiosismo cultural, se, como diz Cormac McCarthy, este país não é para velhos, então claramente também não é para as suas coisas, do arco ou de outro qualquer sítio, que ainda por cima devem cheirar a bafio.
Primeiro, temos o arco. Não sendo o da rua Augusta ou o de Trajano, em Roma, ambos bastante velhos, nem o arco-íris, que julgo não ter dono, novo ou velho, apenas me ocorre que o arco da velha possa ser a sua coluna vertebral, pois geralmente as velhinhas quase tocam com o nariz no chão, fazendo as suas costas um arco, vulgo, marreca. Assim sendo, que coisas podem ser essas, as do arco da velha, senão os bicos de papagaio?
Outras questões há para esclarecer: trata-se de um arco aberto ou fechado? Porque se for um arco fechado, então trata-se de um círculo. E porque é que o arco tem coisas? Não existem arcos vazios? Será que os estúpidos criadores desta expressão não se estariam a referir a arcas, essas sim, que guardam coisas tipo gelados da Olá e assim?
Parece-me no entanto óbvio, que, querendo a velha guardar coisas de valor, nunca as esconderia num arco. Ou bem que o faria num bolso das imensas saias, saiotes, combinações e cullotes que geralmente envergam, ou, quem sabe em casos mais marotos, naqueles sítios onde ninguém de mente sadia teria coragem para procurar. Donde posso concluir, que as coisas do arco da velha, a existirem, não deverão ser de valor, pois tudo o que as velhas têm de valor está geralmente debaixo dos colchões sendo apenas entregue aos senhores bem vestidos que lá vão a casa avisar que a segurança social precisa de trocar todas as notas de euros por outro modelo.
E, como nota de rodapé e vago pretensiosismo cultural, se, como diz Cormac McCarthy, este país não é para velhos, então claramente também não é para as suas coisas, do arco ou de outro qualquer sítio, que ainda por cima devem cheirar a bafio.
CHOVER SOBRE O MOLHADO
Expressão facilmente enquadrável na categoria “expressões-patetas-que-vêm-não-se-sabe-de-onde-e-se-usam-sem-saber-porquê”. Meditemos: em que é que “chover no molhado” é mais significativo do que “secar o que está seco”, para designar algo que é recorrente e que não vale a pena?
Tome-se o exemplo da inundação. Tecnicamente, uma cheia é uma repetição ad eternum de chover no molhado e é falso que isto não leve a lado nenhum: leva à cheia! E a cheia leva as coisas dali para fora, a boiar. Há, portanto, uma mudança significativa quer no espaço (dali para fora), quer no tempo (é preciso um ror de tempo para voltar a enxugar tudo).
Logo, quando a mulher diz “Estou farta de mandar o meu Antunes baixar o tampo da sanita quando vai à retrete, mas é chover no molhado...”, ela não está a malhar no seu homem, mas sim a reforçar-nos a ideia que, após tanto chover no molhado, o Antunes passou a fechar sempre o tampo da sanita...inclusivé, antes de a utilizar. E isso, é de louvar.
Tome-se o exemplo da inundação. Tecnicamente, uma cheia é uma repetição ad eternum de chover no molhado e é falso que isto não leve a lado nenhum: leva à cheia! E a cheia leva as coisas dali para fora, a boiar. Há, portanto, uma mudança significativa quer no espaço (dali para fora), quer no tempo (é preciso um ror de tempo para voltar a enxugar tudo).
Logo, quando a mulher diz “Estou farta de mandar o meu Antunes baixar o tampo da sanita quando vai à retrete, mas é chover no molhado...”, ela não está a malhar no seu homem, mas sim a reforçar-nos a ideia que, após tanto chover no molhado, o Antunes passou a fechar sempre o tampo da sanita...inclusivé, antes de a utilizar. E isso, é de louvar.
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