11.3.12

E DEPOIS, MORRERAM AS VACAS E FICARAM OS BOIS

Uma expressão tão absurda quanto enigmática, pois ninguém sabe o que significa.

Começa, desde logo, por gozar com o genocídio da raça bovina, pois uma vez extintas as vacas e não podendo os bois procriar entre si, perpetuando a raça, esta extinguir-se-ia. Em segundo lugar, todo o boi só o é, existindo uma vaca em casa, que lhe dê conforto, amparo e um par de chifres. Sem isso, o boi sentir-se-á nu, não se podendo então propriamente dizer que seja um boi, antes será não mais do que um marrão.

Aqui chegados, vemos que não há nenhum propósito em responder à pergunta “e depois?”. Primeiro, porque a não ser que a conversa seja sobre bovinos, o contexto da resposta está completamente deslocado; segundo, porque permite uma sucessão ad eternum de consequências – porque quando morrerem as vacas e ficarem só os bois, os bezerros ficam orfãos. E depois os bois ficam viúvos. E depois tiveram de trabalhar e cuidar dos filhos ao mesmo tempo. E depois o dinheiro não chegava. E depois os bois fizeram biscates em touradas espanholas, vendendo o rabo e orelhas para sustentar a família. E depois um boi que venda o rabo corre o risco de não querer outra coisa e passar a ser tratado por vacôncio. E a escrever crónicas em revistas cor de rosa. E depois...enfim, não é preciso continuar pois não?

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